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Saiba diferenciar sarcopenia e dinapenia e entenda o diagnóstico

A perda de massa muscular pode acontecer por diversos fatores, como envelhecimento, sedentarismo, deficiências nutricionais e doenças crônicas. Esse fenômeno, muitas vezes silencioso, afeta não apenas a aparência física, mas também a força, a resistência e a capacidade de realizar atividades diárias com autonomia. 

Com o passar do tempo, a redução da musculatura pode comprometer a mobilidade, aumentar o risco de quedas e fraturas e até impactar o metabolismo, favorecendo o desenvolvimento de doenças como diabetes tipo 2 e osteoporose.

Além disso, a perda de força muscular pode afetar a postura e a estabilidade corporal, comprometendo o equilíbrio e a coordenação motora. Em indivíduos mais velhos, essa fragilidade pode ser um fator determinante para a dependência funcional, reduzindo significativamente a qualidade de vida. 

Outro ponto importante é a influência desse processo na taxa metabólica basal, já que os músculos desempenham um papel essencial no gasto energético. Dessa forma, a diminuição da massa muscular pode contribuir para o acúmulo de gordura corporal e para o surgimento de complicações metabólicas.

Diante desse cenário, torna-se fundamental compreender as condições que envolvem essa perda, como a sarcopenia e a dinapenia. Embora apresentem diferenças, ambas estão relacionadas à redução da capacidade funcional e exigem estratégias específicas de prevenção e tratamento para minimizar seus impactos e garantir a manutenção da saúde muscular ao longo da vida.

Diferença entre sarcopenia e dinapenia 

A sarcopenia e a dinapenia são condições relacionadas à perda de massa muscular, mas apresentam diferenças importantes, tanto em seus mecanismos quanto nas consequências para a saúde.

Sarcopenia é a perda progressiva de massa muscular esquelética, geralmente associada ao envelhecimento, mas também pode ser influenciada por fatores como doenças crônicas, desnutrição e inatividade física. 

A sarcopenia não se resume apenas à diminuição da quantidade de músculos, mas também à perda de qualidade e funcionalidade muscular, o que pode resultar em uma redução da força e da resistência. Essa condição compromete diretamente a capacidade de realizar atividades cotidianas e está associada a um risco maior de quedas, fraturas e até mesmo de morte precoce.

Dinapenia, por outro lado, refere-se à perda de força muscular, independentemente da quantidade de massa muscular presente. Ou seja, uma pessoa pode ter uma quantidade normal de músculo, mas ainda assim apresentar uma redução significativa de força, o que prejudica a capacidade de realizar tarefas físicas que exigem esforço. 

A dinapenia é frequentemente observada em idosos, sendo um marcador importante da fragilidade e da diminuição da funcionalidade, mesmo em pessoas que não apresentam uma grande perda de massa muscular.

Diagnóstico de Dinapenia

O diagnóstico de dinapenia é realizado principalmente por meio da medição da força de agarre manual, utilizando um dinamômetro para avaliar a força das mãos. Esta medida é considerada um indicador confiável da força muscular geral e é amplamente utilizada tanto em pesquisas quanto na prática clínica para identificar a dinapenia. 

Os pontos de corte para definir a dinapenia geralmente são <28 kg para homens e <18 kg para mulheres, embora esses valores possam variar dependendo da população estudada.

Além da medição da força de agarre, outras avaliações complementam o diagnóstico, como:

  • Avaliação da função física: testes como o “five times sit-to-stand test” (teste de levantar e sentar cinco vezes) também são usados como ferramentas de detecção precisas para a dinapenia. Os valores de corte estabelecidos são ≥14,6 segundos para homens e ≥11,8 segundos para mulheres.
  • Consideração de fatores antropométricos: em homens, a circunferência da panturrilha (≤35,2 cm) pode ser um indicador adicional de dinapenia.
  • Avaliação da qualidade muscular: a qualidade muscular do membro superior, definida pela relação entre a força de agarre e a massa muscular do membro superior, também tem sido identificada como um fator independente associado à dinapenia.
  • Avaliação de comorbidades: condições como osteoartrite de joelho e a qualidade muscular do membro superior têm sido associadas à dinapenia, sugerindo que essas condições podem influenciar a perda de força muscular.

É importante destacar que a dinapenia se diferencia da sarcopenia, que envolve não apenas a perda de força muscular, mas também de massa muscular. A dinapenia é definida pela diminuição da força muscular, mas com uma massa muscular preservada.

Diagnóstico de Sarcopenia

Diagnóstico de Sarcopenia

O diagnóstico de sarcopenia envolve a avaliação da massa muscular, da força muscular e da função física, sendo fundamental para detectar a perda progressiva da musculatura esquelética e a diminuição da capacidade funcional do indivíduo, especialmente em idosos. O diagnóstico geralmente é realizado por meio de uma combinação de exames clínicos, testes de força e medições de massa muscular.

Os principais critérios utilizados para o diagnóstico de sarcopenia incluem:

  • Avaliação da massa muscular:
    • A massa muscular pode ser medida utilizando técnicas como absorciometria de raio-X de dupla energia (DXA), bioimpedância elétrica (BIA) ou tomografia computadorizada. O exame DXA é considerado um dos mais precisos para medir a massa muscular esquelética. Valores de massa muscular abaixo de determinados pontos de corte, ajustados por sexo e idade, podem indicar sarcopenia.
  • Avaliação da força muscular:
    • A força muscular é tipicamente medida através do teste de preensão manual, utilizando um dinamômetro para medir a força de agarre. Para o diagnóstico de sarcopenia, a força de preensão geralmente deve estar abaixo de um ponto de corte estabelecido, como <27 kg para homens e <16 kg para mulheres, conforme critérios estabelecidos por organizações como o European Working Group on Sarcopenia in Older People (EWGSOP).
  • Avaliação da função física:
    • A função física é avaliada por meio de testes que medem a capacidade do indivíduo de realizar atividades cotidianas. O “gait speed” (teste de velocidade de caminhada de 4 metros) é frequentemente utilizado. Velocidades abaixo de 0,8 m/s indicam risco de sarcopenia. Outra avaliação funcional comum é o “timed up and go test”, que avalia a capacidade de levantar de uma cadeira, caminhar por um curto trajeto e voltar à posição inicial.

O diagnóstico de sarcopenia é confirmado quando o paciente apresenta uma combinação de redução de massa muscular, diminuição da força muscular e comprometimento da função física. 

Além disso, o diagnóstico leva em consideração o histórico clínico e as condições associadas, como doenças crônicas (exemplo: diabetes, insuficiência cardíaca) e a inatividade física prolongada.

Como evitar a sarcopenia e dinapenia

A adoção de hábitos saudáveis, como exercícios físicos, alimentação adequada e manutenção de um peso corporal saudável, pode ajudar a preservar a musculatura e melhorar a funcionalidade ao longo dos anos. A seguir, serão apresentadas estratégias para prevenir essas condições e promover a saúde muscular.

Exercícios de resistência (Treinamento de Força)

A prática regular de exercícios de resistência, como musculação, é uma das formas mais eficazes de prevenir tanto a sarcopenia quanto a dinapenia. Esses exercícios ajudam a preservar e até aumentar a massa muscular, além de melhorar a força muscular. Recomenda-se que adultos, especialmente idosos, realizem exercícios de resistência pelo menos duas vezes por semana, visando trabalhar todos os grupos musculares principais.

Atividades aeróbicas regulares

Embora o treinamento de força seja crucial, as atividades aeróbicas, como caminhar, nadar ou pedalar, também desempenham um papel importante na prevenção da perda de força muscular. O exercício aeróbico ajuda a melhorar a saúde cardiovascular e a resistência muscular geral, promovendo a funcionalidade do corpo como um todo.

Nutrição adequada

Uma dieta balanceada, rica em proteínas, vitaminas e minerais, é essencial para a manutenção da massa muscular e da força. O consumo adequado de proteínas (cerca de 1,2 a 1,6 gramas de proteína por quilograma de peso corporal para adultos mais velhos) é fundamental para prevenir a sarcopenia. Além disso, a ingestão de vitamina D e cálcio contribui para a saúde óssea e muscular, ajudando a prevenir a perda de massa e força muscular.

Manutenção de peso corporal saudável

O excesso de peso pode sobrecarregar os músculos, levando à perda de força e funcionalidade ao longo do tempo. Manter um peso corporal saudável reduz o risco de doenças crônicas, como diabetes e doenças cardíacas, que podem contribuir para a sarcopenia e dinapenia. Estratégias para manter o peso incluem uma alimentação equilibrada e a prática regular de exercícios.

Evitar inatividade física

A falta de atividade física é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento tanto da sarcopenia quanto da dinapenia. O sedentarismo acelera a perda de massa muscular e força. Evitar ficar longos períodos sem se movimentar e adotar hábitos ativos no dia a dia (como caminhar mais, subir escadas ou realizar tarefas domésticas) pode ajudar significativamente a prevenir essas condições.

Atenção ao envelhecimento saudável

À medida que envelhecemos, a perda de massa e força muscular se torna mais comum, mas pode ser retardada com cuidados adequados. Além das práticas mencionadas, é importante monitorar a saúde regularmente com exames médicos, especialmente em idades avançadas. O acompanhamento médico pode ajudar a identificar precocemente sinais de sarcopenia ou dinapenia, permitindo intervenções oportunas.

Evitar o consumo excessivo de álcool e tabaco

O uso excessivo de álcool e tabaco está associado à perda de massa muscular e redução da força muscular. Reduzir ou eliminar esses hábitos pode melhorar a saúde geral, incluindo a saúde muscular, e diminuir o risco de desenvolver sarcopenia e dinapenia.

Suplementação quando necessário

Em alguns casos, a suplementação pode ser recomendada para prevenir ou tratar a sarcopenia e a dinapenia, especialmente se houver dificuldades em obter nutrientes suficientes da dieta. Suplementos de proteínas, vitamina D e creatina podem ser benéficos, mas devem ser indicados por um profissional de saúde após avaliação.