O aumento da longevidade, impulsionado por avanços na medicina e melhorias nas condições de vida, trouxe novos desafios, especialmente no que diz respeito à manutenção da saúde e da qualidade de vida na terceira idade.
Com o crescimento dessa parcela da população, torna-se essencial investir em políticas públicas e serviços especializados que possibilitem um envelhecimento saudável e ativo.
Nesse contexto, a geriatria se destaca como a especialidade médica voltada para a atenção integral ao idoso, abordando desde a prevenção de doenças até o tratamento de condições comuns ao envelhecimento.
Além de garantir assistência médica qualificada, a geriatria desempenha um papel fundamental na promoção do bem-estar e na preservação da autonomia, permitindo que as pessoas idosas vivam essa fase da vida de forma digna e participativa na sociedade.
Assim, contar com profissionais capacitados e serviços especializados é essencial para que a senioridade seja vivenciada com saúde e qualidade de vida.
A importância da Geriatria
Com o envelhecimento natural do organismo, aumentam as vulnerabilidades e os riscos de desenvolvimento de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, osteoporose e demências.
O acompanhamento geriátrico permite a identificação precoce dessas condições, possibilitando tratamentos adequados e estratégias de prevenção que favorecem a manutenção da autonomia e do bem-estar.
Além do tratamento de doenças, a geriatria desempenha um papel fundamental na promoção de um envelhecimento saudável. Por meio de orientações sobre hábitos de vida, alimentação, atividade física e suporte emocional, os profissionais dessa área contribuem para que os idosos permaneçam ativos e independentes pelo maior tempo possível.
A atenção geriátrica não se restringe apenas aos aspectos físicos, mas também abrange a saúde mental e social, prevenindo o isolamento e garantindo o suporte necessário para uma vida plena.
Outro aspecto relevante da geriatria é sua atuação no cuidado paliativo e na reabilitação de pacientes idosos. Com uma abordagem humanizada, essa especialidade busca aliviar sintomas e proporcionar conforto, respeitando as particularidades de cada indivíduo.
O suporte aos familiares e cuidadores também é um ponto central, pois muitas vezes a atenção à pessoa idosa exige uma rede de apoio bem estruturada para garantir a continuidade dos cuidados e a adaptação às novas necessidades que surgem com o avançar da idade.
Como atua o Geriatra?

Diferente de outras especialidades médicas, a geriatria não se concentra apenas no tratamento de doenças, mas considera também fatores funcionais, emocionais e sociais que influenciam o envelhecimento.
Dessa forma, o geriatra desempenha um papel fundamental na promoção de um envelhecimento saudável, prevenindo complicações e proporcionando suporte contínuo ao paciente e sua família.
Avaliação abrangente e personalizada
A consulta geriátrica é mais detalhada e demorada do que a de outras especialidades, pois envolve uma avaliação completa do idoso. O geriatra analisa a funcionalidade do paciente, sua cognição, humor, mobilidade, comunicação e a presença de suporte sociofamiliar.
Além disso, problemas comuns na terceira idade, como fragilidade, incontinência urinária, tonturas e risco de quedas, são cuidadosamente investigados para evitar complicações que possam comprometer a independência do paciente.
Prevenção e tratamento de doenças
O geriatra trata doenças frequentes no envelhecimento, como hipertensão, diabetes, osteoporose e demências, sempre buscando estratégias que minimizem impactos na qualidade de vida do paciente.
A especialidade se preocupa com a prevenção dessas condições por meio de orientações sobre hábitos saudáveis, exercícios físicos e alimentação equilibrada, promovendo a longevidade ativa.
Gestão medicamentosa e atuação multidisciplinar
Uma das funções mais importantes do geriatra é a revisão das prescrições medicamentosas, visando evitar interações prejudiciais e efeitos colaterais indesejados. O tratamento do idoso muitas vezes exige uma abordagem multidisciplinar, com o envolvimento de fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e terapeutas ocupacionais.
Essa equipe trabalha em conjunto para oferecer um atendimento mais completo e eficaz, garantindo o suporte necessário para o paciente em diferentes aspectos de sua saúde.
Cuidados paliativos e qualidade de vida
Além da prevenção e do tratamento de doenças, o geriatra tem um papel essencial nos cuidados paliativos, auxiliando pacientes com doenças crônicas avançadas ou sem possibilidade de cura.
Nesse contexto, o objetivo é proporcionar conforto, alívio de sintomas e suporte emocional tanto ao paciente quanto à família, garantindo um atendimento humanizado e respeitoso.
Situação da saúde do idoso no Brasil
A saúde do idoso no Brasil enfrenta desafios significativos diante do crescimento acelerado dessa população. Apesar dos avanços na legislação e na ampliação dos serviços voltados à terceira idade, a realidade ainda apresenta dificuldades que comprometem o acesso a um atendimento adequado.
A dependência do Sistema Único de Saúde (SUS), a escassez de especialistas e o tempo prolongado de espera para consultas são alguns dos principais entraves que afetam a qualidade de vida dos idosos no país.
Grande parte da população idosa brasileira depende exclusivamente do SUS para assistência médica. Segundo dados da Fiocruz, cerca de 75% dos idosos utilizam o sistema público, e aproximadamente 83% realizaram consultas médicas por meio do SUS no período de um ano.
Estima-se que aproximadamente 70% dos idosos possuam pelo menos uma doença crônica, sendo as mais comuns a hipertensão, o diabetes e a artrite. Essas condições exigem acompanhamento contínuo, o que reforça a necessidade de um sistema de saúde estruturado e acessível.
Um dos principais desafios enfrentados por essa população é o tempo de espera para atendimento médico. Segundo pesquisa de 2020, cerca de 6,9% dos idosos usuários do SUS aguardam mais de 60 dias para uma consulta, o que pode comprometer a eficácia do tratamento e agravar problemas de saúde.
Outro fator preocupante é a falta de especialistas em geriatria. De acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), em 2019, o Brasil contava com apenas 1.405 geriatras, o que equivale a 1 profissional para cada 24 mil idosos, um número muito abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que sugere 1 geriatra para cada mil idosos. Essa carência impacta diretamente a qualidade do atendimento prestado, dificultando diagnósticos adequados e tratamentos específicos para as particularidades do envelhecimento.
Diante desse cenário, é essencial que políticas públicas sejam fortalecidas para garantir um envelhecimento saudável e digno. A ampliação do acesso a serviços médicos especializados, a redução do tempo de espera por atendimento e a promoção de ações preventivas são medidas fundamentais para que os idosos tenham uma melhor qualidade de vida.




